domingo, 26 de outubro de 2014

Tempo


Este relógio de pilha desmesurável,
Onde os ponteiros rodam num só sentido e não se podem acertar.
Onde não existem pausas mas sim fins.
Este relógio que desde sempre que plana sobre nós, simples vítimas do tempo.
Nós que muitas vezes impacientes o tentamos apressar esquecendo-nos que o tempo,
Esse algoz,
É inalterável.
Por isso nada nos resta senão esperar e gozar este tempo que nos é dado e fazer os possíveis para o tornar profícuo.
Pois a única certeza que temos é um dia nos será retirado,

E que este relógio irá parar.



quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Esperança ou Verniz


Neste vermelho intenso que me cobre a alma, pretendo viver.
Neste manto de ilusão que tento transparecer.

Que nunca mais me cheire a este perfume,
O qual que já preferi a oxigénio.
Este cheiro a nostalgia e desejo de mais.
Que morra por aí, num sítio longe, 
Longe de mim.

Pois nada mais quero de quem não me quer.
Que se desfaça esse perfume amargo.
Que venha o cheiro a verniz, este vermelho intenso que me cobre a alma, onde pretendo, a partir de hoje,
 Viver.






terça-feira, 26 de agosto de 2014

Notas



Papéis, não passam de papéis.
Papéis coloridos e ordenados por números, vincando a sua diferença valorativa. 

Mas infelizmente estes míseros papéis chegam a valer mais que vidas.
Como é possível ter de se pagar por um sonho?
A verdade é que pagamos pagar para viver, e a vida não tem preço.

Rasguem essa papelada que vos aprisiona, saiam á rua e gritem por liberdade.
Com sorte o vosso rugido seja forte o suficiente para derrubar esta casa de papel onde vivemos.
Sonhem, o mais alto que consigam.
E pisem bem esses papéis que vos comandam como marionetas.

Pois a liberdade, essa sim, não tem preço.








terça-feira, 5 de agosto de 2014

7 biliões de pessoas,14 biliões de faces



Por entre rosas e espinhos me dissolvo.
Neste turbilhão de falsidade e traição me perco.
Pois muitas luas encontrei, que tudo demonstram menos a sua verdadeira face,
Que se exibe por fim no grande palco da desonra de tão pobre alma.
Mas enfim, não existe cola forte o suficiente para segurar tão obscena máscara.


Para os tais ilusórios que usam máscara, peço desculpa se as minhas costas feriram a vossa faca.


segunda-feira, 30 de junho de 2014

Fica

No escuro foste pescador,
Que de lanterna na mão, meu coração pescou.
Libertaste-me destes mares e do frio da solidão.
Libertaste-me de mim.
Agora, sozinha, volto a ser peixe, neste oceano tão cheio de nada.
E nos braços destes mares, que me empurram e matam lentamente ficarei.
E tu vais navegar, vais em busca de outros mares, menos gelados.
E eu, ficarei, mais uma vez,
Destinada a este monótono e gélido oceano, que corta como lâminas o meu coração.
E tu, lareira que aquece todo este inverno, vais partir, sem mim.

Fica.


terça-feira, 24 de junho de 2014

Poema sem sentido

Coração que gela pelo calor.
Ferida que sara pelo ardor.
Uma mulher que grita para todo o mundo, a solidão.
Uma decisão inconsciente, guiada pela razão.

Poema sem sentido, poema que ao sentido convém.
Palavras opostas, sinónimas no coração de outrem.
Poema sem sentido, sentido por mim e mais ninguém.
Sentimentos livres, mas aprisionados também.

Poema sem sentido, sei que o dedico, mas não sei a quem.



sexta-feira, 20 de junho de 2014

Eu e Eles

Angústia, esta faca que se espeta no coração,
Este tornado que destrói todos os alicerces antes construídos.

Sou um pássaro de gaiola, um leão de jaula, sedenta de liberdade.
Sou o frio da incompreensão e o calor de um abraço.
Sou uma bomba, prestes a explodir, neste copo que já transborda.
Lúgubre por dentro,

Pois de fora, já nada se espera senão desprezo, indiferença.
Olhos que me vêm como mais uma pedra na calçada, mais uma folha caída: 
“É fruto da idade” dizem eles.

Quem são eles?
Os tornados, as gaiolas, as jaulas que se auto mutilam com mentiras antes engolidas.

São cegos que querem cegar.

E eu?
Sou pomba branca em corpo de abutre.
Um paradoxo ousado.
A esperança.